Ocitocina: A cola dos nossos vínculos
22 de agosto de 2018A liberação de ocitocina parece estar muito relacionada à construção de um conceito de grupo familiar ou pertencimento a um grupo social. Em animais e humanos está envolvida com comportamentos que protegem o seu grupo de pertencimento da interferência de indivíduos de outros grupos. Estas ações fazem com que a ocitocina seja vista como um hormônio relacionado com a “cola social” que observamos em grupos de mamíferos de forma muito mais evidente do que em outros grupos animais.
A ocitocina é um típico hormônio-neurotransmissor liberado pela porção posterior da glândula hipófise que por sua vez é a parte da hipófise chamada de neurohipófise já que, diferentemente de outras glândulas, não possui células glandulares típicas para fazer a secreção de hormônio, mas sim terminações de neurônios cujos corpos situam-se no hipotálamo. Estímulos recebidos no hipotálamo provocam a liberação de ocitocina no sangue e em regiões cerebrais inervadas por neurônios provenientes das mesmas áreas hipotalâmicas.
Em um experimento bastante interessante, homens que receberam ocitocina em spray para inalar optaram por falar mentiras que seriam úteis para proteger o grupo no qual estavam inseridos. Grupos femininos agrupados em tarefas comuns também liberam boas quantidades de ocitocina.
Para os mamíferos, a ocitocina pode ter significado o desenvolvimento da nossa capacidade de desenvolvermos grupos sociais muito eficientes que trabalhariam em benefício do bem comum do grupo. Quem sabe, poderíamos liberar ocitocina em nuvens aspiráveis nas ruas das grandes cidades, nos metrôs ou nas salas de ambientes corporativos como um estímulo artificial para a produção de empatia entre grupos. Brincadeirinha!!!
Neurocientista, consultora e palestrante. É especialista na aplicação dos conhecimentos neurocientíficos no ambiente corporativo e na educação de todos os níveis. Tem atuado especialmente em programas de diversidade no ambiente corporativo fomentando a equidade.